domingo, 13 de setembro de 2009

O planejamento e suas consequências...

Ao ler o texto “Planejamento: em busca de caminhos”, de Maria Bernadette Castro Rodrigues, voltei à época em que cursava o Magistério. Dos intermináveis planos de aula, de unidade, seus objetivos gerais e específicos... Lembrei também da preocupação com os conteúdos, com a metodologia, dos recursos e da sensação terrível de fracasso que se abatia sobre mim no final de uma aula em que um planejamento maravilhoso no papel não surtia nenhum efeito na minha turma de estágio. Então desabava num choro desesperado não entendendo o que estava errado: eu ou as crianças?
Hoje em dia eu sei o que havia de errado: não era eu nem as crianças, mas sim a forma como éramos ensinadas a planejar. Como teríamos capacidade de decidir o que as crianças iriam aprender em um determinado momento? Não fomos ensinadas a compreender nossas crianças e a perceber quais são as necessidades e os interesses delas. Isto a experiência me ensinou... E com certeza agora eu realizo um trabalho bem mais rico, interesante e estimulante com meus alunos.
Fico mais tranquila agora, pois sei que minha prática docente melhorou bastante e ainda posso (e vou) melhorar para que cada vez mais eu possa deixar marcas positivas em meus pequenos aluninhos.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Múltiplas linguagens

Acredito que o diferencial entre falar, ler e escrever se dá principalmente pelas culturas diversas das pessoas. Cada indivíduo está inserido em um contexto, numa realidade diferente e assim possui uma cultura com muitas peculiaridades (etnias, sotaque, nível de escolaridade, riqueza de vocabulário...). E é isso que faz surgirem tantas diferenças.
A situação também faz diferença no modo de falarmos, lermos e escrevermos: no ambiente de trabalho e escolar falamos e escrevemos de um modo mais formal, do que se estivéssemos em casa conversando com os amigos e tomando chimarrão.
Agora cabe à escola perceber estas diferenças e incorporá-las em seu cotidiano, repensando o que significa falar, ler e escrever bem. Acredito que ações concretas na sala de aula terão resultados a curto prazo. Ações como: valorizar as diferenças lingüísticas explorando detalhadamente os textos trabalhados na escola, valorizando e discutindo as diferenças para que os alunos compreendam o uso adequado ou não da linguagem e apliquem em suas vidas; promover momentos de leitura oral e silenciosa nas aulas para trabalhar a oralidade e assim enriquecer o vocabulário das crianças...

Comênio e a Didática...

É incrível como um homem, há mais de 300 anos atrás conseguiu ter uma visão tão ampla sobre a educação!
As idéias de Comênio em muitos aspectos ainda são muito atuais e relevantes, mas o que mais me impressiona é a sua preocupação com o relacionamento entre alunos e professores, que o ensino seja igual para todos e que as aprendizagens partam das experiências e percepções dos alunos. Mesmo tanto tempo depois, percebo ainda a influência das contribuições de Comênio, pois no PEAD, na interdisciplina do Seminário Integrador, trabalhamos com Projetos de Aprendizagem que se iniciam e se desenvolvem a partir das dúvidas e curiosidades dos alunos, sobre um determinado tema, onde cada um é autor de seu desenvolvimento e aprendizagens.
E a obra “Orbis Pictus”, de 1658 que foi uma revolução na época por ser um livro ilustrado, além de as tão famosas cartilhas usadas até bem pouco tempo atrás (eu fui alfabetizada com elas!)terem sido inspiradas nele, pois tem o mesmo estilo...
Enfim, será que hoje em dia existem autores ou obras tão pertinentes que perdurarão por tanto tempo como Comênio? Basta esperar...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O menininho e a Educação Infantil

Ao ler o texto “O menininho”, de Helen Bucklev veio em minha mente um a triste situação: trabalho com Educação Infantil há 7 anos e já vi muitas professoras como a primeira professora do texto. Algumas ainda trabalham perto de mim e posso afirmar que seus alunos são como o menininho: vão se acostumando com o não poder pensar, com o receber tudo pronto... e isso é uma pena, porque a Educação Infantil é uma fase de intensas descobertas e as crianças vivem de mãos dadas com a fantasia e a imaginação...
Eu sei que a educação é complexa e difícil, que exige muita dedicação e paciência, e o mais importante: é um direito de todas as crianças! Acredito que as professoras que “podam” seus alunos deveriam se colocar no lugar das crianças e refletir sobre as marcas que estão deixando em seus alunos...
No livro “Estórias de quem gosta de ensinar”, Rubem Alves escreveu uma crônica chamada ‘A inutilidade da infância’, que enfatiza os tipos de sujeitos que são produzidos nas escolas. Transcrevo aqui o último parágrafo da crônica que se encaixa perfeitamente neste assunto:
“Conheço um mundo de artifícios de Psicologia e de Didática para tornar a aprendizagem mais eficiente. Aprendizagem mais eficiente: mais sucesso na transformação do corpo infantil brincante no corpo adulto produtor. Mas para saber se vale a pena seria necessário que comparássemos os risos das crianças com os risos dos adultos, e comparássemos o sono das crianças com o sono dos adultos. Diz a Psicanálise que o projeto inconsciente do ego, o impulso que vai empurrando a gente pela vida afora, esta infelicidade e insatisfação indefinível que nos faz lutar para se ver, depois, num momento do futuro, a gente volta a rir... sim, diz a psicanálise que este projeto inconsciente é a recuperação de uma experiência infantil de prazer. Redescobrir a vida como brinquedo. Já pensaram no que isso implicaria? É difícil. Afinal de contas as escolas são instituições dedicadas à destruição das crianças. Algumas, de forma brutal. Outras, de forma delicada. Mas em todas elas se encontra o moto: A criança que brinca é nada mais que um meio para o adulto que produz.”
ALVES, Rubem. Estórias para quem gosta de ensinar: o fim dos vestibulares.2.ed.São Paulo: Papirus, 2000.